Créditos: Maria Amélia Guerra
Isso começou muito cedo na minha vida, por volta dos 15 anos. Eu vivi um período de transição. Transição etária e intelectual. Comecei a devorar os livros de Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco e outros, também procurei coisas na Filosofia. Procurei respostas para algumas questões que me inquietavam nessa altura. Também foi nessa época que tive a oportunidade de conhecer alguém que estava bastante envolvido no mundo da música, Ele tinha uma banda e muitos discos e trazia consigo um universo de referências musicais e culturais com as quais eu me identificava. Criou em mim o desejo de me mover dentro daquela realidade.
Durante esse período de transição que aconteceu durante as «férias grandes», em que eu estava em Vale de Cambra, a paixão que eu tinha pela música redobrou a sua intensidade, Fruto do afastamento da cidade porque Vale de Cambra é uma zona mais rural. Este gosto veio a acentuar-se com o contacto que tive com o programa Som da Frente, de António Sérgio. Este programa depressa se tornou no meu mundo, tornou-se no mundo que me era permitido viver. O rádio enorme que eu utilizava para ouvir o programa que era emitido pela Rádio Comercial, trazia-me aquela voz profunda e emblemática que me levava para outras realidades.
OlIVEIRA, Aristides (2020). Especial: Vozes do Punk Vol. 5 com Paula Guerra: as lutas têm canções. Acrobata. | 24 de agosto de 2020 | Entrevista. URL: https://revistaacrobata.com.br/aristides-oliveira/entrevista/paula-guerra-as-lutas-tem-cancoes/